As características das cidades têm sido moldadas pelos meios de transporte e, sem dúvida, a aviação impacta no desenvolvimento e na mobilidade urbana. Aliás, inúmeros aspectos comprovam a importância dos aeroportos como focos ou “clusters” de crescimento para as comunidades denominados por John Kasarda e Greg Lindsay – como “aerotropolis the way we’ll live next” numa tradução livre “o modo como passaremos a viver”.
Conforme noticiado no Correio do Povo de 09/10/2023, representantes da empresa AEROMOT apresentaram o projeto do AEROCITI – Centro Integrado de Tecnologia e Inovação, cujos investimentos serão determinantes para o desenvolvimento urbano e regional gaúcho.
Por isso, contemporizar centros integrados de tecnologia e aeroportos junto às zonas urbanas tem sido o desafio fundamental que se coloca como resultado de um longo processo histórico de formação das cidades e de aglomeração da população.
De fato, aeródromos e aeroportos comerciais são instrumentos fundamentais ao desenvolvimento econômico de qualquer comunidade, não apenas pelo incremento da acessibilidade ou indução de novos negócios e empreendimentos, mas principalmente pelo aumento considerável das relações empresariais – que geram o incremento do turismo e do emprego de uma maneira geral.
Devido à nova economia em rede, ao conectar empresas fabricantes e fornecedores, integrar centros de distribuição, aproximar mercados e se transformar num verdadeiro “market place” aeroportuário, o conceito originário de aeroporto apenas como centro de transporte de pessoas e mercadorias necessita ser repaginado.
Por derradeiro, o conceito de “aerotrópole” (aerotropolis) ou na concepção do AEROCITI perpassa pela ideia de uma subregião urbana, cuja economia e utilização do espaço geográfico estão centralizados num determinado complexo aeroportuário que transforma áreas metropolitanas e impulsiona seu desenvolvimento urbano.
Assim, a reconstrução do parque aeronáutico rio-grandense com a instalação de uma fábrica de aeronaves conexa a um centro de manutenção e operações junto ao hub de pesquisa e inovação, por meio do conceito “aerotrópole sustentável”, é a oportunidade de o Rio Grande do Sul retomar seu histórico protagonismo aviatório.
Eduardo Teixeira Farah
(Advogado e Aviador, presidente da Comissão de Direito Aeronáutico da OAB/RS) efarah@farah.adv.br